O artista plástico, Guilherme Kid, cria de Realengo, zona oeste do Rio, retrata pelos muros da cidade as belezas cotidianas dos cariocas. Camelô, barraca de açaí, botequim, crianças jogando bola ou soltando pipa e muito mais. Essas são algumas das inspirações do artista.
Guilherme tem uma obra que é voltada para colocar a população periférica como protagonista das histórias. Ele investe em temas sociais e denuncia as terríveis causas da desigualdade social que assola o país. Combate ao racismo, intolerância religiosa e a defesa da cultura popular são assuntos recorrentes em suas obras.
“Eu tento ser verdadeiro em minhas obras e falar sobre a minha vivência suburbana. Eu sei que eu seria muito diferente se não tivesse nascido aqui, pois o subúrbio nos faz ter uma ótica específica da cidade”, diz Guilherme Kid.
Ele mostra a realidade das crianças cariocas, envoltas em uma cidade cheia de violência e com falta de políticas públicas que ajudem seus familiares, mas que também vivem em um mundo mágico só deles, cheio de brincadeiras e sonhos.
É comum ver nas artes de Guilherme pinturas voltadas para as brincadeiras das crianças e o cotidiano dos jovens negros do Rio, principalmente os da zona oeste carioca. “Ter brincado na rua na infância, ter estourado o tampão do dedo no paralelepípedo jogando bola, ter feito ‘intera’ para comprar um Tobi para beber com os amigos formou minha personalidade. Tive uma infância indo nas casas da minha família em Bangu e em Bonsucesso, uma adolescência frequentando a COHAB de Realengo e o Barata”, relata o artista suburbano.
A música e as manifestações culturais cariocas também fazem parte do seu acervo artístico, como o funk e o samba. “Torço para a Mocidade Independente de Padre Miguel. Fui aos bailes da Furação 2000 e chegava correndo da escola para assistir as apresentações gravadas e transmitidas na TV. A Furação marcou história na música brasileira”, lembra.
Ele finaliza parafraseando o compositor João Nogueira: “Não é fácil a minha vida de artista pobre de Realengo, mas não importa aonde estiver ou para onde eu for, vou bater no peito e dizer que sou “nascido no subúrbio nos melhores dias”.